quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Semi-homem.

O que eu via era apenas suas pernas, basicamente foi essa a imagem, o restante é tempero, cor, temperatura. Acredito que o olhar de qualquer pessoa que decida realmente ver o mundo de alguma forma amplia, as coisas são pobres quando não enxergadas direito, se é que há um jeito certo, sinceramente não sei. As pernas que eu vi tinham como seu restante uma caixa de papelão amassada, não dava pra perceber se a respiração ainda trafegava naquele corpo, poderia ser um cadáver, o dia passaria, o cadáver repartido em papel e carne permaneceria sendo velado, sem orações, os cantos seriam buzinas, pois decidiu que sua morte seria segredo...ou não, acordaria, faria dois buracos que serviriam como olhos, seguiria até a padaria mais próxima e tomaria um café. O transito na calçada continuava mais intenso, muitas cabeças, sapatos, calças, camisas, óculos, cabeças de novo ... nunca saberei como era o rosto desse semi-homem ou semi-papelão.

domingo, 25 de agosto de 2013

Pessoas celestiais (ou não).

Ela beija com um carinho tão humano, o banhava através de seus dedos com amor... era só isso que aquela mulher fazia. O lugar era uma escada,pessoas subiam, desciam ao seu lado, parecia que seu afeto escorria degrau por degrau chegando ao primeiro andar, lavando aquele piso sujo. Alguns nem á viram, outra mulher ao contrário passou e fez uma cara de nojo, asco, desaprovação, resumindo, cara de CU limpado com limão! Era recalque tenho certeza, eu não pude continuar admirando aquela cena, delicadamente limpava e desenrolava seus pelos, como se fossem a pele de uma criança, o celestial ser privilegiado latiu agradecendo e a seu modo também a beijou. A escada acabou, os perdi de vista,ganhei de presente essas imagens ao atravessar a faixa pensei "Certas pessoas me fazem ter orgulho de ser pessoa, outras muito pelo contrário".

terça-feira, 12 de março de 2013

O rei e o trono.

Do outro lado um senhor sentado no seu trono, tem atrás um muro com desenho e escritas, para esse senhor ninguém olha, os seus súditos se afastam, nunca ouviram sua voz, ele não é mudo. De alguma forma fala, picha na própria parede pra ser visto, pra dizer que quer falar e fala do seu jeito... Quase ninguém lê e ele continua querendo dizer, os outros continuam não sabendo ler. Seu perfume é natural, seu cabelo é penteado pelo vento, esse senhor está na rua, mora no reino e não no palácio, seu castelo é de madeira, sua coroa é preta, sua carruagem tem dez dedos... Ele é o rei sentado ao trono... Rei de que afinal? Os outros reis também são reis de quem? Do outro lado um senhor sentado no seu trono, tem atrás um muro com desenhos e escritas. (L.O.F)

domingo, 10 de março de 2013

Trilhos.

Uma passagem de tempo que permanece nas coisas em volta. Em nós que aqui estamos, o tempo está no que se foi . A vida é um trem que grita, pedindo pra que a gente entre... a vida grita, nos chama quantas vezes não sei. Uma, duas, três... e uma hora para, por pouco tempo. Pelo tempo que quisermos, a vida só para pelo tempo do nosso desejo. O trem da vida grita, as portas se abrem, logo depois se fecham... E nós, entramos? (L.O.F)