segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Relato 5 : As ruas que não conheço, mas sempre passei.

Já tiveram a impressão de que mesmo não conhecendo aquele lugar, você sempre esteve lá? Espero sinceramente que tenham tido esse prazer, de se sentir em casa em um lugar desconhecido, de caminhar sabe Deus pra onde mas, de saber exatamente pra onde está indo. A adrenalina de não ter ideia do que está na próxima esquina, de sair sem rumo, encontrando novos rostos , poder trocar com eles histórias, construir coisas com o acaso. Vi ruas, pessoas correndo, sem olhar para os olhos, de cabeça baixa, sem sorrir, apenas respirando, transpirando, não sendo, existindo sem saber por que, interpretando de forma intensa um alguém que não queriam ser. (L.o.F)

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Relato 4: A praça.

Aquele senhor andava, casas, pessoas calmas ainda banhadas com aquele ar especial dado pela manhã de presente aos viajantes que buscam o inicio do dia. Aquele senhor andava, passos curtos , lentos e pesados. O tempo não mais importava e sim atravessar o espaço, firmar a bengala, tem a certeza de que aquilo é chão. O som em volta misturado entre pássaros, motores e o bom dia do passante que vai pela calçada olhando para o próprio pé. Pessoas andam olhando para o próprio pé, quando há tantas outras coisas pra se ver. O cheiro do café, a sombra e o sol temperando a praça com o frio e o quente. O senhor continua caminhando, por algum tempo fiquei observando, seus atos tão simples, o olhar cravado ao longe, sua muleta confirmando que havia ali um chão. As coisas vão passando por nós e deixando suas cicatrizes, aquele senhor que ali caminhava carregava nas costas um peso, a menina simpática e pequena era leve como uma caixinha decorada com fita. Minha trajetória planejada para a manhã era outra porém, o mesmo tempo que me provoca a ansiedade e o desconforto, acabou me colocando naquela praça, sob meus olhos aquele senhor, sob a minha alma uma paciência que desejava se igualar a daquele ser andante que não buscava vários metros ou corridas mas, apenas um caminho. (L.O.F)

domingo, 15 de abril de 2012

Relato 3: Pintas ao contrário.

Aquele pedaço de mundo se transformava, as cores branco e azul iam lentamente formando desenhos que aos poucos se transformavam em rostos, animais, carros, frases, montanhas e buracos. Lentamente iam me levando para outra janela, lá eu mergulhava, naquele lago cor de céu que refletia tudo, até as coisas que nem existiam, refletia minhas lembranças, meu presente e meu futuro. Fiquei ali até que tudo se apagasse, pelo menos é o que eu esperava que acontece-se. De repente tudo ia virar preto e foi assim , tudo ficou escuro , com pontinhos brancos que chamei de pintas ao contrário, um mar de pintas ao contrário. Me diriam então que pintas são pretas e ponto mas, não estava falando de qualquer pinta e sim daquelas que são exatamente o contrário daquilo que todos conhecem, seria difícil lhes convencer disso, que a vida não é uma matemática e se quisessem poderiam olhar para um céu coberto de nuvens e chama-lo de obra de arte ou ver qualquer coisa e nomea-la de qualquer forma, chama-la daquilo que quero que seja, sem se importar com um quadrado jeito certo de entender as coisas. A vida é um circulo que gira, para cada canto um ângulo diferente, que faz com que tudo seja único.

(L.O.F)

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Relato 2: Apagão de um Ouro Preto.

Apagão de um Ouro Preto.

A luz acabou, o poste apagou, o espelho não mais refletiu, tive que cuspir no escuro. Olhei pela janela e a cidade toda tava apagada, cabeças na janela se transformavam em pedaços de sombra que procuravam a claridade. Peguei a mochila pra sair o mais rápido possível. Na rua eu cruzava por sombras, faces meio iluminadas, ouvi então o barulho do escuro , senti o frio daquele tecido negro que cobria tudo. Andei o mais rápido que pude, os faróis dos carros eram um alivio. Cada vez mais de preto era pintado o espaço, não pedaços mas, o todo que envolvia aquelas pessoas voltando pra suas casas, o mais rápido que podiam. Aqui em cima tudo tinha luz, do alto a escuridão lá de baixo se transformava em um buraco sem fundo. Enfim cheguei, tomei um banho claro. E quando voltei lá pra baixo, ainda haviam pedaços daquele buraco que se formou naquela tarde.

domingo, 8 de abril de 2012

Relato 1 : As cores.

A movimentação das nuvens, uma janela discreta mostra o branco, o amarelo e o verde. Mostra que dentro destas cores existem outras. Assim é o mundo, formado por cores que nem sabemos dizer o nome, mas para que saber? Pra podermos dar explicação sobre aquilo que vemos e sentimos a outros que jamais terão idéia do que estamos falando? Não, nem tudo temos que explicar, para a explicação nascem as coisas explicáveis, para o amor nascem as coisas que se deve amar, para o esquecer nascem as coisas ignoráveis, para a eternidade nascem as coisas profundas e para a vida momentos que se deve viver, ainda que não possamos falar das suas cores.
(L.OF)

Projeto " Relatos Simplesmente" .

O projeto “Relatos Simplesmente” se resume a um exercício de redescoberta de um olhar que captura imagens , acontecimentos, sentimentos, momentos e outras coisas que um cotidiano pode nos proporcionar.Quantas vezes por dia nos deparamos com situações raras? E quantas vezes viramos as costas pra isso, sem sequer parar por alguns segundo e só olhar para essas coisas?

Será uma série de 300 relatos , em um tempo que não sei qual será. Desejo sinceramente fazer do meu recorte de cotidiano uma boa viajem literária.