sexta-feira, 20 de abril de 2012
Relato 4: A praça.
Aquele senhor andava, casas, pessoas calmas ainda banhadas com aquele ar especial dado pela manhã de presente aos viajantes que buscam o inicio do dia. Aquele senhor andava, passos curtos , lentos e pesados. O tempo não mais importava e sim atravessar o espaço, firmar a bengala, tem a certeza de que aquilo é chão. O som em volta misturado entre pássaros, motores e o bom dia do passante que vai pela calçada olhando para o próprio pé. Pessoas andam olhando para o próprio pé, quando há tantas outras coisas pra se ver. O cheiro do café, a sombra e o sol temperando a praça com o frio e o quente. O senhor continua caminhando, por algum tempo fiquei observando, seus atos tão simples, o olhar cravado ao longe, sua muleta confirmando que havia ali um chão. As coisas vão passando por nós e deixando suas cicatrizes, aquele senhor que ali caminhava carregava nas costas um peso, a menina simpática e pequena era leve como uma caixinha decorada com fita. Minha trajetória planejada para a manhã era outra porém, o mesmo tempo que me provoca a ansiedade e o desconforto, acabou me colocando naquela praça, sob meus olhos aquele senhor, sob a minha alma uma paciência que desejava se igualar a daquele ser andante que não buscava vários metros ou corridas mas, apenas um caminho.
(L.O.F)
domingo, 15 de abril de 2012
Relato 3: Pintas ao contrário.
Aquele pedaço de mundo se transformava, as cores branco e azul iam lentamente formando desenhos que aos poucos se transformavam em rostos, animais, carros, frases, montanhas e buracos. Lentamente iam me levando para outra janela, lá eu mergulhava, naquele lago cor de céu que refletia tudo, até as coisas que nem existiam, refletia minhas lembranças, meu presente e meu futuro. Fiquei ali até que tudo se apagasse, pelo menos é o que eu esperava que acontece-se. De repente tudo ia virar preto e foi assim , tudo ficou escuro , com pontinhos brancos que chamei de pintas ao contrário, um mar de pintas ao contrário. Me diriam então que pintas são pretas e ponto mas, não estava falando de qualquer pinta e sim daquelas que são exatamente o contrário daquilo que todos conhecem, seria difícil lhes convencer disso, que a vida não é uma matemática e se quisessem poderiam olhar para um céu coberto de nuvens e chama-lo de obra de arte ou ver qualquer coisa e nomea-la de qualquer forma, chama-la daquilo que quero que seja, sem se importar com um quadrado jeito certo de entender as coisas. A vida é um circulo que gira, para cada canto um ângulo diferente, que faz com que tudo seja único.
(L.O.F)
(L.O.F)
segunda-feira, 9 de abril de 2012
Relato 2: Apagão de um Ouro Preto.
Apagão de um Ouro Preto.
A luz acabou, o poste apagou, o espelho não mais refletiu, tive que cuspir no escuro. Olhei pela janela e a cidade toda tava apagada, cabeças na janela se transformavam em pedaços de sombra que procuravam a claridade. Peguei a mochila pra sair o mais rápido possível. Na rua eu cruzava por sombras, faces meio iluminadas, ouvi então o barulho do escuro , senti o frio daquele tecido negro que cobria tudo. Andei o mais rápido que pude, os faróis dos carros eram um alivio. Cada vez mais de preto era pintado o espaço, não pedaços mas, o todo que envolvia aquelas pessoas voltando pra suas casas, o mais rápido que podiam. Aqui em cima tudo tinha luz, do alto a escuridão lá de baixo se transformava em um buraco sem fundo. Enfim cheguei, tomei um banho claro. E quando voltei lá pra baixo, ainda haviam pedaços daquele buraco que se formou naquela tarde.
A luz acabou, o poste apagou, o espelho não mais refletiu, tive que cuspir no escuro. Olhei pela janela e a cidade toda tava apagada, cabeças na janela se transformavam em pedaços de sombra que procuravam a claridade. Peguei a mochila pra sair o mais rápido possível. Na rua eu cruzava por sombras, faces meio iluminadas, ouvi então o barulho do escuro , senti o frio daquele tecido negro que cobria tudo. Andei o mais rápido que pude, os faróis dos carros eram um alivio. Cada vez mais de preto era pintado o espaço, não pedaços mas, o todo que envolvia aquelas pessoas voltando pra suas casas, o mais rápido que podiam. Aqui em cima tudo tinha luz, do alto a escuridão lá de baixo se transformava em um buraco sem fundo. Enfim cheguei, tomei um banho claro. E quando voltei lá pra baixo, ainda haviam pedaços daquele buraco que se formou naquela tarde.
domingo, 8 de abril de 2012
Relato 1 : As cores.
A movimentação das nuvens, uma janela discreta mostra o branco, o amarelo e o verde. Mostra que dentro destas cores existem outras. Assim é o mundo, formado por cores que nem sabemos dizer o nome, mas para que saber? Pra podermos dar explicação sobre aquilo que vemos e sentimos a outros que jamais terão idéia do que estamos falando? Não, nem tudo temos que explicar, para a explicação nascem as coisas explicáveis, para o amor nascem as coisas que se deve amar, para o esquecer nascem as coisas ignoráveis, para a eternidade nascem as coisas profundas e para a vida momentos que se deve viver, ainda que não possamos falar das suas cores.
(L.OF)
(L.OF)
Projeto " Relatos Simplesmente" .
O projeto “Relatos Simplesmente” se resume a um exercício de redescoberta de um olhar que captura imagens , acontecimentos, sentimentos, momentos e outras coisas que um cotidiano pode nos proporcionar.Quantas vezes por dia nos deparamos com situações raras? E quantas vezes viramos as costas pra isso, sem sequer parar por alguns segundo e só olhar para essas coisas?
Será uma série de 300 relatos , em um tempo que não sei qual será. Desejo sinceramente fazer do meu recorte de cotidiano uma boa viajem literária.
Será uma série de 300 relatos , em um tempo que não sei qual será. Desejo sinceramente fazer do meu recorte de cotidiano uma boa viajem literária.
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